Facing Difficulties? Writes us at magazine.newsletter@assitej-international.org

Katu Ibi: a colorful aesthetics of love

Viviane Juguero

Katu Ibi is a play for Early Childhood created by a brown Brazilian artistic family (Éder Rosa, Henrique Rosa Juguero, and me) in Stavanger City, Norway, due to an invitation from Sølvberget Culture House to present a performance for children from 3 to 6 years old in their program Søndagsbarn, in 2022. The institution knew our work because we performed in two previous shows, “Musikklek” and “Playing Carnival,” mixing Brazilian and Norwegian Cultures beside our dear colleagues Elisabeth Barstad and Eddie Andresen. Moreover, this process happened while I was developing the postdoctoral research “Multicultural and Pluriperceptive Theatricalities to Diverse Early Childhoods” at the University of Stavanger. Thus, creating a performance was an exciting way to relate artistically with my academic investigations concerning democratic performing arts for Early Childhoods in the Stavanger context.

Katu Ibi, photo: Darko Petkovic

My studies (available at vivianejuguero.com) sustain the idea that humans are aesthetic beings. Thus, each child develops cultural values, perceptions, emotions, and belonging bonds through pluriperceptive syntheses of society resulting from the theatricality that generates symbolic games and artistic appreciations. As a result, children’s ability to foresee themselves in various social roles (or feel excluded) depends on the path of their imaginary constitution related to representation and self-identification in the social environment. In this process, Performing Arts have the huge responsibility to promote the same emotional opportunities for diverse children, not only by the equal right to go to the theatre, but through parity in diversity, that is, equitable opportunities of feeling their cultures, races, genders, and social groups represented in a way that empowers underprivileged people and promotes social justice based on aesthetic democracy. Of course, we can’t require that a single play represents all cultures and people. However, the cultural environment should promote fair opportunities for aesthetic empowerment through the expression of its community’s members, denaturalizing hegemonic patterns and promoting the beauty of diversity.

Stavanger is one of the most pluricultural cities in Norway, with people from 181 countries who sum up more than 21% of its population (Council of Europe [COE], 2014). However, this diversity is almost absent in Performing Arts, especially for children, where the hegemonic culture predominates (COE, 2014; Norwegian Ministry of Culture, 2020). Within this context, in the little time and structure available, my family and I intended to create a simple play promoting underrepresented cultures through a pleasant aesthetic experience adequate for all little children in this multiethnic group. I was responsible for creating the dramaturgy and directing; Éder created props and costumes; and Henrique played the songs and created the sonorous atmosphere. We three were acting. We used the bonds between Brazilian and Norwegian multicultural realities, emphasizing African elements and black expressions, besides utilizing the accordion, a relevant instrument in Brazil and Norway. The intention was to present a playful, delicate, and fun syncretic performance of color without the goal of “demonstrating” any traditional expression and narrative but able to create positive belonging sensations through the perception of our miscegenated diversity.

Katu Ibi, photo: Sofie Andersen

Katu Ibi presents a non-verbal dramaturgy intending to communicate with a multilinguistic audience through non-hegemonic subliminal pedagogies, embracing theatre, music, acrobatic movements, dance, and craft props.The plot is inspired by the Afro-Brazilian infantile entities Ibejis, who represent the emergence and continuity of life, besides the playfulness of childhood. In our play, twins Katu and Ibi are born with interconnected hair. When their hair is accidentally cut, it becomes a root that generates different types of life. Then, Katu and Ibi build their independence by collaborating with each other. Life appears when the twins use their hair-root ritualistically, singing a sweet melody. During the performance, the audience quickly learned the song and began to sing, actively engaging in the creation of plants, water, wind, and small and large animals, strengthening their emotional ties with nature. Furthermore, it was an opportunity to naturalize the diversity of cultures and people by watching on stage an ethnic and racial group that they don’t usually see in this place. Finally, the children were invited to play in the new environment they helped create throughout the performance.

Katu means ‘beauty’ or ‘good’ in Tupinambá, a Brazilian indigenous language. Ibi means ‘birth’ in Yorubá, an African language very present in Brazil, and ‘soil’ in Tupinambá. So Katu Ibi means to promote the birth of good in the soil of love. The reactions and feedbacks were so positive that we think it is worth keeping our long journey dedicated to promoting democracy through a colorful aesthetics of love.

Dr. Viviane Juguero is the author of plays, films, and articles staged and published in many countries. She teaches dramaturgy at the Nordic Black Theater.

More information and references at https://linktr.ee/vivianejuguero

Katu Ibi, photo: Darko Petkovic

Katu Ibi: uma colorida estética do amor

Viviane Juguero

Katu Ibi é uma peça para a Primeira Infância criada por uma família artística brasileira negra (Éder Rosa, Henrique Rosa Juguero e eu) na cidade de Stavanger, na Noruega, a partir de convite da Casa de Cultura Sølvberget para apresentar uma performance para crianças de 3 a 6 anos de idade, no programa Søndagsbarn, em 2022. A instituição conhecia nosso trabalho porque atuamos em duas performances anteriores, “Musikklek” e “Playing Carnival”, misturando as culturas brasileira e norueguesa ao lado de nossos queridos colegas Elisabeth Barstad e Eddie Andresen. Além disso, esse processo aconteceu enquanto eu desenvolvia a pesquisa de pós-doutorado “Teatralidades multiculturais e pluriperceptivas para primeiras infâncias diversas” na Universidade de Stavanger. Assim, criar uma performance foi uma forma estimulante de me relacionar artisticamente com as minhas investigações acadêmicas sobre artes performativas democráticas para a Primeira Infância no contexto de Stavanger.

Meus estudos (disponíveis em vivianejuguero.com) sustentam a ideia de que o ser humano é um ser estético. Assim, cada criança desenvolve valores culturais, percepções, emoções e vínculos de pertencimento por meio de sínteses pluriperceptivas da sociedade, resultantes da teatralidade que gera jogos simbólicos e apreciações artísticas. Com isso, a capacidade das crianças de se projetarem em diversos papéis sociais (ou de se sentirem excluídas) depende da trajetória de sua constituição imaginária relacionada à representação e à autoidentificação no meio social. Neste processo, as Artes Performativas têm a enorme responsabilidade de promover as mesmas oportunidades emocionais para crianças diversas, não só pela igualdade de direito de ir ao teatro, mas por meio da paridade na diversidade, ou seja, oportunidades equitativas de sentir as suas culturas, raças, gêneros e grupos sociais representados de uma forma que empodera grupos não-privilegiados e promove a justiça social com base na democracia estética. É certo que não podemos exigir que uma única peça represente todas as culturas e pessoas. No entanto, o ambiente cultural deve promover oportunidades justas de empoderamento estético por meio da expressão dos membros da sua comunidade, desnaturalizando padrões hegemônicos e promovendo a beleza da diversidade.

Stavanger é uma das cidades mais pluriculturais da Noruega, com habitantes de 181 países que somam mais de 21% da sua população (Conselho da Europa [COE], 2014). No entanto, esta diversidade está quase ausente nas Artes Cénicas, especialmente para as crianças, onde predomina a cultura hegemônica (COE, 2014; Ministério da Cultura da Noruega, 2020). Neste contexto, no pouco tempo e estrutura disponíveis, a minha família e eu pretendíamos criar uma peça simples que promovesse culturas sub-representadas por meio de uma experiência estética agradável e adequada a todas as crianças deste grupo multiétnico. Fui responsável pela criação da dramaturgia e direção; Éder criou adereços e figurinos; e Henrique tocou as músicas e criou a atmosfera sonora. Nós três estávamos atuando. Utilizamos os vínculos entre as realidades multiculturais brasileira e norueguesa, enfatizando elementos africanos e expressões negras, além de utilizar o acordeão, instrumento relevante no Brasil e na Noruega. A intenção foi apresentar uma sincrética performance de cor que fosse lúdica, delicada e divertida, sem o objetivo de “demonstrar” qualquer expressão e narrativa tradicional, mas capaz de criar sensações positivas de pertencimento por meio da percepção de nossa diversidade miscigenada.

Katu Ibi apresenta uma dramaturgia não-verbal que pretende comunicar com um público multilinguístico por meio de pedagogias subliminares não hegemônicas, abrangendo teatro, música, movimentos acrobáticos, dança e adereços artesanais. A trama é inspirada nas entidades infantis afro-brasileiras Ibejis, que representam o surgimento e a continuidade da vida, além da ludicidade da infância. Na nossa peça, os gêmeos Katu e Ibi nascem com cabelos interligados. Quando os cabelos são acidentalmente cortados, eles tornam-se uma raiz que gera diferentes tipos de vida. Então, Katu e Ibi constroem sua independência colaborando entre si. A vida surge quando os gêmeos usam ritualisticamente a raiz do cabelo, cantando uma doce melodia. Durante a apresentação, o público aprendeu rapidamente a música e começou a cantar, engajando-se ativamente na criação de plantas, água, vento e pequenos e grandes animais, fortalecendo seus laços emocionais com a natureza. Além disso, foi uma oportunidade de naturalizarem a diversidade de culturas e pessoas ao assistirem no palco um grupo étnico e racial que não costumam ver nesses espaços. Por fim, as crianças foram convidadas a brincar no novo ambiente que ajudaram a criar ao longo da apresentação.

Katu significa ‘beleza’ ou ‘bem’ em Tupinambá, uma língua indígena brasileira. Ibi significa ‘nascimento’ em Iorubá, língua africana muito presente no Brasil, e ‘solo’ em Tupinambá. Então, Katu Ibi significa promover o nascimento do bem no solo do amor. As reações e comentários foram tão positivos que achamos que vale à pena continuar nossa longa jornada dedicada à promoção da democracia por meio de uma colorida estética do amor.

Dra. Viviane Juguero é autora de peças, filmes e artigos encenados e publicados em diversos países. Ela é professora de dramaturgia no Nordic Black Theatre.

Mais informações e referências em https://linktr.ee/vivianejuguero